Nesse dia, eu mais uma vez fui até o bairro da universidade para continuar minha caçada à moradia. Mas foi um dia diferente. Eu diria quase-trágico. Bom, primeiro que o dia já começou nublado. O céu aqui estava branco e com um pouco de vento. Ainda assim, peguei ainda quando estava no hotel alguns números de telefone e endereços de apartamentos para visitar.

Veteranos e bichos da Poly numa gincana

Logo após o almoço, iniciei minha peregrinação. Desci na estação de metrô da universidade e fui até o primeiro apartamento. Entretanto, até encontrá-lo, dei uma volta fenomenal pelo bairro (já que as ruas aqui podem chegar num "beco sem saída" e recomeçar do outro lado com o mesmo nome). De início, comecei não gostando do que via, pois parecia aqueles bairros americanos de negros e latinos, os famosos "guetos". Porém, conforme fui acertando o caminho, esta parte foi ficando bem para trás, sobrando apenas um bairro e ruas arrumadas e tranquilas. Bem, aí finalmente acertei o caminho e encontrei a proprietária (chamada Maria) na porta do edifício. Este era pequeno, com cerca de uns 3 andares apenas. O quarto que fui ver estava sendo alugado por 450 $, mas ainda teria que dividir o apartamento com mais 2 pessoas. O apartamento não era grandes coisas e tinha portas e janelas muito velhas e um banheiro apertado e com manutenção ainda por fazer.

Assim, saí do apartamento e fui andar para ligar para outros inquilinos. Entretanto, ao sair vi que estava chovendo e não era uma chuvinha passageira não. Era uma chuva fina mas bem constante que atrapalhou todos os meus planos. Como eu não tinha guarda-chuvas e tampouco poderia parar, precisei ir em frente, debaixo de chuva mesmo (além disso, guarda-chuva aqui não se encontra por menos de 10 $, quase R$ 20... um absurdo). Liguei para outro dono de apartamento e marquei de visitar às 14h30. Até dar esse horário, mesmo com chuva no lombo e os pés machucados, precisei continuar andando e vendo as casas, placas, telefones, etc, etc. Dei voltas e mais voltas pelas ruas, olhando tudo ao redor, sem encontrar nada que viesse ao caso. Ao dar as 14h30, fui até o local combinado com o homem do telefone. Por coincidência, o prédio onde ficava o apartamento era bem ao lado do que havia visto há poucas horas antes. Porém, este não me interessou, pois era um apartamento inteiro a ser alugado e não-mobiliado. O dono, camaronense, começou a falar sobre sua paixão pelo futebol brasileiro e se mostrou bem amigável. Porém, ainda assim, o imóvel não me servia.

Saindo desse outro prédio, com a chuva ainda constante, liguei para outros donos de imóveis. Com um deles, alugando um 1 ½, marquei para visitar às 17h30 e com o outro às 18h. Ambos eram razoavelmente próximos da universidade (em torno de 15 min a pé). O primeiro desses era no porão de uma casa onde morava um cara com sua mãe, já idosa. Por ser um 1 ½ era apertado, mas o que me fez desistir da idéia foi que era caro (550 $) e estava todo bagunçado, com móveis fora do lugar e artigos que pareciam de reforma (como escada de madeira, lona plástica estendida). Depois disso, rumei para o segundo, numa rua chamada Ridgewood que dava de frente para o cemitério. Ficava numa rua bonita e cheia de prédios de tijolinhos e bem arborizada. O prédio onde eu tinha que ir era um como a maioria dos outros e o apartamento ficava no último andar (4 º andar). Subi pelas escadas porque o elevador, por ser antigo, não me inspirou muita confiança. Algo que reparei é que, como o custo de um serviço por aqui é elevado, os prédios não possuem porteiro. Bem, já chegando no apartamento, quem me atendeu foi a esposa do cidadão que disse que estaria lá para me receber. E o ruim é que a mulher só falava francês, nada de inglês. Tive que me virar de tudo quanto foi jeito. Ela mostrou o quarto onde eu ficaria e os cômodos, explicando que eu dividiria o apto. com mais uma garota, alemã, e com ela e seu marido. A aparência era pouco melhor que os anteriores, mas ainda assim esse apto. não me agradava em nada. Ainda mais depois que ela explicou que as pessoas deveriam dividir as tarefas lá e tal (na verdade, a alemã e eu, pois ela tirou o próprio corpo fora, dizendo que ficava lá poucas horas no dia) e no fim da conversa fechou as gavetas dos cômodos da cozinha com nada menos do que uma joelhada! Não preciso nem dizer que descartei essa oportunidade...

Depois desse fiasco, passei no Subway, comi um sanduíche (depois de ter que batalhar de novo pra fazer o pedido em francês), pois ainda não tinha almoçado, e fui para o metrô. Chegando na estação, encontrei a Caroline e Adriano, um outro brasileiro que está por aqui. Eles me convidaram então para ir na festa de aniversário de um outro rapaz do Brasil que veio para Montréal junto com eles, em um bairro do subúrbio chamado Kirkland. Aceitei o convite, mas ainda assim precisava antes voltar para o hotel no centro, tomar um banho, trocar-me e econtrá-los na estação Côte-Vertu.

Na citada estação de metrô, já umas 21h, pegamos um ônibus para uma estação de ônibus em um lugar chamado Fairville, onde o aniversariante Bruno nos pegaria de carro. Quando chegamos, logo ele chegou e nos levou até a casa de sua irmã Paula, que já mora aqui há 10 anos. Ficamos impressionados com o nível das casas de Kirkland, que são como as casas americanos que vemos nos filmes: gramado largo na frente da casa, casas largas e com 2 andares, garagens espaçosas para 2 ou 3 carros, vizinhança silenciosa e tranquila... Simplesmente, um bairro de milionários de Montréal (pois o imóvel na região é caríssimo). Assim, os familiares do aniversariante nos receberam muito bem, foram receptivos, atenciosos e muito prestativos, oferecendo tudo que precisássemos. Depois de comer, conversar e até pular na piscina (aquecida), terminamos por dormir na casa mesmo, pois já era tarde quando acabou a festa.